terça-feira, 27 de outubro de 2015

A VERDADEIRA DOUTRINA SOBRE O INFERNO

IGREJA ANUNCIANDO JESUS
ANUNCIANDO O REINO DE ADONAY
PASTOR RODRIGO  ( YOYO)
BELÉM-PARÁ-BRASIL
A palavra “inferno” vem do latim “inferii” e significa “lugar inferior”. A idéia de inferno como um lugar de fogo, para onde vão almas incorpóreas condenadas, não se encontra nas Escrituras, apesar de aplicações que normalmente se fazem de textos simbólicos e parábolas.

Esta palavra foi colocada nas traduções em português para substituir cinco outras palavras, com significado completamente diferente do conceito religioso popular do inferno. Isso ocorreu devido à crença que o tradutor nutria previamente, e que o influenciou a colocar a palavra “inferno” nas traduções que fez.

Algumas Bíblias antigas trazem “inferno” em 1Cor. 15:55, mas outras versões mais modernas, como a Almeida Atualizada, trazem “morte”, que é mais correto. O mesmo ocorre em Apoc. 20:13, onde se lia “a morte e o inferno”, encontra-se agora, “a morte e o além”. Nesta passagem, a palavra grega é hades, que pode significar “sepultura”.

As cinco palavras que foram normalmente traduzidas por “inferno” são:
GEENA (hebraico) que é uma forma simplificada da expressão ge (vale) bem (filho) e Hinom (nome da família proprietária de uma área próxima a Jerusalém), ou seja, “vale dos filhos de Hinom”. Essa palavra se encontra nos evangelhos (como em Mat. 5:22, 29) e nada tem a ver com um inferno de fogo eterno. Era um vale onde se faziam sacrifícios humanos e se queimavam os corpos de pessoas aos ídolos. O profeta Jeremias profetizou que ali seriam lançados os corpos dos desobedientes, e lá ficariam expostos (Jer. 7:31-34). Nos dias de Jesus, o local continuava a ser depósito de animais e lixo em putrefação, e os moradores sempre ateavam fogo para consumir os restos ali deixados. Esse lugar Jesus usou para simbolizar o fim trágico que aguarda os desobedientes. Apenas corpos físicos eram consumidos no GEENA, por isso que havia bichos nos corpos podres, coisa que “almas” não têm. Nada a ver com almas/espíritos queimando num fogo eterno.

HADES (grego) - usada no NT juntamente com SHEOL (hebraico – AT), e que significam “sepultura”, “lugar dos mortos”, “morada dos mortos”. Entre outros textos, hades aparece em Apoc. 20:13. Aqui o inferno (na verdade a sepultura) é o lugar onde estão os mortos, pois ele mesmo (inferno = sepultura) é lançado no lago de fogo, onde é destruído (Apoc. 20:14) pois a sepultura é o símbolo da morte que Jesus destruiu. Sheol, seu equivalente hebraico, também significa “sepultura”, sendo equivocadamente traduzida por “inferno”. Em Jó 17:16 declara-se que os mortos ficam no pó, e em Isa. 14:9-11 se declara que o inferno (sheol) é um lugar onde os bichos comem os cadáveres. Também nada a ver com lugar de fogo eterno. Aliás, ainda em Apoc. 20:10 se diz que o próprio Diabo somente será lançado no lago de fogo, que se forma quando Jesus volta no Juízo Final, quando Deus derrama fogo do céu. No verso 14 diz-se que o próprio inferno (sepultura) também é lançado nesse final lago de fogo. Posteriormente, explicaremos sobre o fogo ser “eterno”.

TANATO (grego). Esta palavra ocorre em vários lugares, mas é traduzida em 1Cor. 15:55 como “inferno”. Na realidade, a falha de tradução foi tão clara que nem os que crêem no inferno tradicional mantiveram o erro, e corrigiram na Almeida Atualizada. Lá diz “onde está ó morte (tanato) a tua vitória onde está ó inferno (tanato = morte) o teu aguilhão?” O verso 54, diz que a morte (inferno) perde a vitória e o aguilhão, porque Jesus nos dá a imortalidade. Também não tem nada a ver com um lugar de fogo onde as pessoas ficam queimando.

A quinta e última palavra é TÁRTAROS (“lugar de trevas”). Esta palavra ocorre na Bíblia apenas uma vez em 2Pe 2:4. O próprio texto declara que os anjos foram expulsos da presença de Deus, ou seja, onde está a verdadeira luz, para o exterior que são as trevas, privados da luz do céu onde moravam. Conforme diz o texto, esse “inferno” também não tem fogo, somente a escuridão da ausência de Deus. Além do mais, em harmonia com Apoc. 20:9,10,14 eles estão aguardando o Juízo Final quando, somente então, serão lançados no Lago de Fogo produzido pelo fogo que desce do Céu e que os destrói juntamente com os que rejeitaram a salvação de Cristo. Esta palavra, a última, também nada tem a ver com o inferno tradicional.

Surge então a pergunta: e o “fogo eterno” que Apoc. 20 diz que se formará depois do milênio, com o fogo e enxofre que desce do céu?

O FOGO ETERNO NA BÍBLIA
As passagens onde aparece a menção do fogo eterno são as seguintes:

Mat. 18:8
Mat. 3:12
Apoc. 14:11
Mat. 25:41
Marc. 9:43
Apoc. 19:3
Jud. 1:7
Luc. 3:17
Apoc. 20:10

A palavra grega para “eterno”, ou equivalente, é aion, que significa uma duração relativa ao que se refere. Pode estar falando que é eterno “sem fim”, ou que é eterno “enquanto dura”. Ou seja, precisamos examinar o contexto para saber se é eterno sem fim, ou eterno até que acabe.

Em Apoc. 20:10 diz-se que serão atormentados pelos séculos dos séculos (aion ton aion, em grego, que quer dizer “para sempre”, “eternamente”, conforme algumas traduções). Mas esse “pelos séculos dos séculos” é previamente explicado no verso anterior, que diz que o fogo que desceu do céu os “CONSUMIU” (do grego KATAPHAGEN,a mesma palavra que Jesus utiliza na parábola do semeador para dizer que as aves COMERAM as sementes que estavam à beira do caminho – cf. Mat. 13:4); logo, serão atormentados “eternamente” até que toda a substância seja consumida, tendo como resultado, a destruição - que será “eterna”.

Outro exemplo que nos ajuda a entender este “fogo eterno” é o texto de Judas 6,7, onde diz de forma clara que os anjos estão em trevas esperando o Juízo (o mesmo que diz Pedro, como já vimos) em “algemas ETERNAS” (aion). Ora, as algemas eternas serão tiradas quando chegar o Juízo e a condenação final, e a sentença for decretada, assim, a algema é “eterna” somente até que se cumpra o seu objetivo.

O verso 7 diz que o “exemplo do fogo eterno” é o da punição que caiu sobre Sodoma e Gomorra e as cidades vizinhas. Qual foi a punição de Sodoma e Gomorra? Estão queimando até hoje? Claro que não!

O apóstolo Pedro declara que Sodoma e Gomorra se tornaram em “cinzas” (2Pe 2:6) para mostrar o exemplo do que acontecerá aos que vivem impiamente.

Deus é amor (cf. 1Jo 4:8). Como podemos crer que Ele deixaria alguém ficar por milênios, pela eternidade afora, sendo queimado em dores inimagináveis por pecados de uma vida passageira?

Deus NUNCA falou isso; mas disse que o homem que pecasse, morreria (cf. Ezeq. 18:20); a conseqüência de comer da árvore da Ciência do Bem e do Mal era a morte (cf. Gên. 2:17).
Quem lançou o ensino da imortalidade não foi Deus, mas sim o diabo (cf. Gên. 3:4).

A PARÁBOLA DO RICO E LÁZARO (Lucas 16:19-31)
O próprio relato já é considerado uma “parábola”. Nela, o justo não vai para o céu, mas para o simbólico “seio de Abraão”; também não se trata de “almas” (no conceito moderno espírita) no fogo, mas de corpo físico com dedo, língua e que sente calor e pede água para matar a sede.

O rico teve muitas oportunidades para socorrer a Lázaro, mas não o fez. Evidentemente não tratou mal ao desventurado que, sem dúvida o supunha o rico, estava sofrendo um castigo de Deus. Sua atitude foi similar a que expressou Caim quando respondeu: "Sou eu guardador do meu irmão?" (Gên. 4:9). Não maltratou a Lázaro, mas não foi misericordioso com ele. Adotou uma posição negativa frente a suas responsabilidades nesta vida, em vez de assumir uma atitude positiva. Não conhecia o verdadeiro significado do segundo grande mandamento da lei, que ordena amar ao próximo (ver com. Mat. 5:43; 22:39; 25:35-44). Este rico, como a nação judia, não estava fazendo nenhum bem positivo, e por isso era culpado de um grave mal: apropriava-se de todas as vantagens que o céu lhe tinha concedido, desfrutando delas apenas para seu próprio prazer e complacência. Essa era a lição que Jesus queria ensinar com a parábola, conforme o próprio contexto da passagem nos esclarece. Não tinha nada que ver com o destino dos mortos, mas sim com a falta de compaixão que a nação judaica nutria pelos então considerados “ímpios”.

SURGIMENTO DA DOUTRINA DO INFERNO
É clara a intenção dos teólogos de concretizar na mente das pessoas a idéia de um inferno literal, como destino para aqueles que morressem desligados da salvação. Segundo Paul Johnson, em seu livro História do Cristianismo, “os escritores pastorais eram muito mais específicos a respeito do Inferno que do Céu; escreviam como se tivessem estado lá. Os três grandes doutrinadores medievais – Agostinho, Pedro Lombardo e Aquino – insistiam em que as penas infernais eram tanto físicas quanto mentais e espirituais, e fogo de verdade tomava parte dos tormentos” (2001, pág. 413).

A mitologia grega foi a grande influência sobre o cristianismo, com relação ao tema do inferno. Os gregos faziam uso constante da figura do Hades (o local onde eles acreditavam que a alma dos mortos permanecia ardendo em fogo eterno), o que foi posteriormente introduzido e desenvolvido na teologia católica e cristã como um todo.

A História Cristã demonstra que a doutrina do inferno desenvolveu-se paulatinamente, desde o início do catolicismo romano, e foi cada vez ganhando mais força e adeptos ao longo da Idade Média, chegando até os dias atuais.

CONCLUSÃO
Finalmente, o apóstolo Paulo ensina que mesmo os que morreram em Cristo não estão ainda habitando o céu, a não ser quando ocorrer a ressurreição. Eles não vão nem para o céu, nem para um lugar de tormento ao morrerem. Isso somente ocorrerá com a final destruição dos ímpios na volta de Jesus. Também não vão como almas sem corpo. A Bíblia ensina que se não houver ressurreição “naquele dia”, todos os que morreram em Cristo, mesmo eles, estarão perdidos (cf. 1Cor. 15:16-18).

É interessante notar como a doutrina da ressurreição dos mortos é pouco falada nos púlpitos que ensinam a vida após a morte, pois seria uma grande contradição tentar conciliar estes dois ensinos – ressurreição x recompensa logo após a morte. Imagine o caso de Lázaro: ser resuscitado (ou retirado da "Glória" como ensinam alguns cristãos de hoje) e devolvido para a miséria deste nosso mundo doente!

Em Ezeq. 18:23 Deus declara que não tem prazer na MORTE do ímpio, não se compraz em seu tormento eterno. Perder a salvação, sofrer “conforme as suas obras” e receber a morte e o esquecimento eterno é a maior punição que Deus pode dar a alguém. É um verdadeiro sadismo se deleitar na dor prolongada de alguém. Deus não faz isso, nem mesmo no ato da morte, quanto mais na contemplação eterna de alguém em infinitas agonias.

Graças a Deus que sua Palavra nos informa: “não tenho prazer na morte de ninguém” (Ezeq. 18:32; 33:11), mesmo que seja ímpio. A extinção é a pena máxima.

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